Mas, nisto, vêm de lá os russos e, psst, vai tudo abaixo; tudo o que seja momumento nacional, assim com um cariz que lhes roa a alma, é pra arrasar, se faz favor. MENOS este fantástico Monumento à Independêcnia, que tem o design perfeito, bastando que se lhe mude a história, vejam lá se não: Ora, no tempo dos soviéticos, as três estrelinhas representavam cada um dos três Estados Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e a senhora a segurá-los era não menos que a Mãe Rússia, pois claro! E foi assim, graças a esta nova interpretação imposta no fim da II Guerra Mundial, que aqui a Senhora se manteve de pé. A única. Tudo o resto.... ná chôm. Não é lindo?!
Mais? (Riga é uma pérola.) Querem ver mais? Então, como eu dizia, tudo o que era monumentos veio abaixo menos a Independ... (oops) a Mãe Pátria e a Torre da Pólvora, que era uma das torres da muralha da cidade velha (que "ná chôm!") e que hoje alberga o Museu da Guerra:
Não, espera, minto. Esta Torre da Pólvora ainda "continua" numa muralha, reconstruída, mas onde ainda se conseguiram aplicar tijolos dos originais. E a passagem "The Swedish Gate", na muralha, acho que também ainda é a original.
Esta passagem "swedish gate" tem uma lenda associada: uma letã que se apaixona por um soldado (porque do lado de lá é a Old Town e do lado de cá eram as antigas casernas, suponho eu que se chame assim, onde viviam os soldados e que hoje são lojinhas de recuerdos! E bares. Com boas wc.) e que combina fugir com ele à meia-noite de uma dada noite. Mas, como todas as mulheres, chega atrasada, os portões fecham-se, ela fica do lado de dentro das muralhas, o pai apanha-a e dá-lhe umas valentes vergastadas, qu'é pra aprender a não ser disfrutável. Diz entao a lenda (e aqui sabemos que é a lenda que diz, não é o indefinido, o do "diz que") que quem passar o swedish gate à meia-noite, ainda consegue ouvir os lamúrios da tal menina. Romântico. Bonito.
E Riga está cheia de lendas e historietas destas. Querem ver outra? Há uma foto que aparece em todos os guias da cidade que é a do edifício com o gato no telhado: Esta tem a ver com outros dois edifícios que ficam em frente.
Um é a câmara dos comerciantes (construída para os comerciantes da Idade Média terem onde se encontrar em Riga, que era o mais importante porto doMar Báltico) e, como os artesãos não podiam entrar na câmara dos comerciantes, construíram um outro edifício, ao lado, mais pequeno, para servir como câmara dos artesãos. Só que havia um artesão rico que queria fazer parte da classe dos mercadores. Então foi lá perguntar o que é que era preciso fazer para ter ali entrada. (Se fosse hoje, passava-se à porta do Tamariz.) Disseram-lhe que tinha que provar que era rico e tinha muito dinheiro. Então o artesão rico construiu, em frente à câmara dos comerciantes, a tal casa do gato (ainda sem o gato), que realmente é uma bisarma que ocupa um quarteirão inteiro. Só que os mercadores não o queriam mesmo lá e disseram-lhe que tinham mudado de ideias e que aquilo era uma coisa de classe, que ou bem que se era ou bem que não se era e, como diz o outro, quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré! (no Tamariz, esta seria a parte em que o porteiro respondia que o consumo mínimo é de 150€ e que a casa está em private) Então o artesão, furioso, resolveu gastar ainda mais um bocado de dinheiro e mandou fazer o gato preto, com o rabo alçado e de costas para a câmara dosmercadores, tipo, de rabo todo virado pra lá, 'tão a ver? :) Hoje em dia o edifício da antiga câmara dos comerciantes é o da orquestra de Riga e o gato foi proppositadamente virado ao contrário e está, então, de frente para a orquestra, porque, como se diz que os gatos são animais muito musicais, o gatinho deixou de estar a mostrar falta de respeito, antes pelo contrário, está todo contente a ouvir a música! Giro, não é? As coisas que uma pessoa aprende...
Mas, voltando ao cheirinho a russo que há em Riga, vejam só o que é que eu encarei na montra de um museu:
Como sou um bocado anhuca nestas coisas dos posts e não sei se dá pra ler, vou-vos traduzir. Até porque isto é auto-explicativo e tudo. "Encorajados pela Frente Popular da Letónia, a Frente Popular da Estónia e os 'Sajudis' da Lituânia, a 23 de Agosto de 1989 quase 2 milhões de residentes da Letónia, da Estónia e da Lituânia deram as mãos, criando os 660 km do 'Caminho Báltico'. Em três linguas e ao longo de todo o 'Caminho Báltico', de Tallin, passando por Riga até Vilnius, ecoou a palavra 'liberdade'. As nações bálticas recordaram ao mundo o ilícito Pacto Molotow-Ribentrop de 23 de Agosto de 1939 e testemunharam a indomável vontade de renovar a sua independência e dos seus países - Estónia livre, Letónia livre, Lituânia livre."
Arrepiante, não é?
E ainda lá apanhei uma exposição que também me deixou os pelinhos dos braços em pé. Estava montada na praça da Catedral de Riga e era uma exposição de fotos de 1987 e de 2007. Em 1987 o governo acreditou uns quantos repórteres fotográficos para andarem pelo país a registar, com o seu olhar, o quotidiano letão. Em 2007 repetiram a experiência. Não imaginam a impressão que fazem algumas das fotos expostas e, mais do que olhar para elas individualmente, faz impressão perceber a diferença brutal que 20 anos, estes 20 anos em particular, faz:
Ficou a faltar ver por dentro o Museu da ocupação - aí é que eu chegava ao êxtase! - e conhecer os arrabaldes onde diferenças de níveis de vida como o das fotos da exposição parece que existem ao tropeção em cada esquina. O "diz que" que me disse que mesmo às portas da cidade cheia de movida e nível, há pessoas a morrer de frio no inverno porque não há aquecimento público (e estamos a falar de um país báltico) foi o meu amigo alemão Tobias, que lá viveu durante três meses (ou terão sido anos?). Ainda se morre de frio...
De Riga, falta dizer que é uma cidade cheia de verde, cheia de parques públicos, muito bem arranjadinhos e cheia de estátuas de nomes importantes da cultura letã. Curiosamente, todos parecidíssimos com Lenin! (fenómeno genético daqueles tempos...)
1 comentário:
A minha PARTNéééRRR é a MAIóóóóRRR ;-)))
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